Cos'è?



martedì 11 agosto 2009

(Des)encontros

As horas passaram-se, os dias e os meses também. No final de tudo, chegou-se ao total de 42 anos, cinco meses e quatro dias. E aqui, nesta rua escura, estou. Não que todo este tempo tenha sido como um fardo, para mim. Pelo contrário, vivi momentos com muita intensidade. Conheci, esqueci, reconheci, reencontrei e perdi pessoas. Mas todas com a sua parcela de importância no meu caminho. Mas e agora, o que o futuro ainda me reserva nestes 20 e tantos anos que ainda me faltam até a velhice? Quantos seres ainda hei de encontrar? Quantos serão momentâneos, quantos serão especiais, quantos serão inesquecíveis e quantos eu daria de tudo para não os ter encontrado?
São exatas 11 pessoas que estão aqui, ao meu redor. Todas com o mesmo objetivo: pegar o ônibus que as conduzirá a algum destino. O destino de cada uma delas pode estar na próxima parada, ou não. O senhor de camisa listrada olha-me com olhos impacientes. Está com um ar abatido, provavelmente passou o dia atrás de algum balcão de loja. Basta apenas uma simples pergunta, para que um acaso aconteça. Não, ele não me disse nada. Apenas o estar presente não importa para que conheçamos pessoas. É preciso diálogo, simpatia, afinidade. Nestas minhas quatro décadas de vida, quantas vezes fui abordado para responder as horas, para informar lugares, ou simplesmente, para concordar que irá chover. Foi assim que conheci a Carolina, uma menina que em nossos tempos de juventude, costumava sentar-se ao meu lado na cantina da escola. Bons tempos aqueles...
Á alguns passos de mim, está uma moça de óculos escuro, muito elegante com seus sapatos vermelhos de saltos altos. Ela se oferece para segurar algumas sacolas de uma senhora já de idade. Os olhos da mulher mostram um certo brilho ao aceitarem tamanha gentileza. Um pequeno bate-papo inicia-se. Falam sobre a demora do ônibus, que está sete minutos atrasado. “Deve ter sido a chuva que inundou a marginal”, repete a senhora, com certa freqüência. De repente, a moça, como que impaciente com aquele diálogo que não a levará a lugar algum, abre a bolsa e retira um celular. A conversa agora, muda de interlocutor; passa a ser onipresente. A mulher com mais idade, cala-se. Parece que o destino não quer agir neste ponto de ônibus. Nenhum dos presentes mostram-se simpáticos uns com os outros. Ninguém se atrai, ninguém se repele. Apenas um lugar em comum, em um tempo em comum.
O silêncio toma conta do lugar, o que faz da rua, torna-se ainda mais escura. Penso que, quantas destas pessoas aqui presentes poderiam ser minhas amigas... Seriam tantos os assuntos a serem discutidos, trocados, tantas confissões a serem feitas, tantas risadas, choros e apoios a serem compartilhados... Quem sabe não encontraria no senhor de camisa listrada um bom companheiro para as minhas pescarias de domingo? Quem sabe, a mulher com a criança no colo ao meu lado, não poderia ter sido a mãe dos meus filhos? Ou, quem sabe ainda, os dois adolescentes que tanto se olham, não acabaram de encontrar um grande amor um com o outro?
Oportunidades... É disto que a vida é feita. Oportunidades. Hoje estou aqui, parado neste ponto de ônibus, após um dia inteiro de trabalho. Conversei com muitos clientes, deparei-me com os mais diversos tipos de gente nas ruas. E agora, meu dia quase termina aqui. Não tive nenhuma grande oportunidade hoje. Nenhuma quis concretizar-se até o momento. É mais fácil não conhecer alguém, do que conhecer. O acontecer do destino acontece nos mais variados momentos e lugares. Até, mesmo, em um simples ponto de ônibus em uma rua escura.