Cos'è?



sabato 14 novembre 2009

From... To...

Tudo começou há algum tempo, uns meses, talvez. De um lado, fazia uma tarde quente e ensolarada, pouco típica para aquele meio de outono, de outro, não tão tarde assim, o dia estava ameno para uma primavera. E lá estavam os dois, perdidos em um gigantesco alfabeto de A à Z, uma louca mistura de nomes, uma imensa confusão de intenções e significados. Poucas letras separavam a “JGirl” do “Power” e após uns poucos minutos da entrada da garota no bate-papo virtual, surge um “hi” dele. Como a grande maioria das pessoas na Terra, eles também não pararam para pensar que grandes acontecimentos, pessoas e momentos podem começar com um simples “oi”, independente do idioma em que é dito. Continuaram a conversar, palavra atrás de palavra, frase seguida de frase, expressões que originavam outras, sentimentos que brotavam sem um porquê.
Uma ação tão comum para dois filhos deste início de século XXI - afinal, há alguns anos trocar mensagens instantâneas com pessoas dos mais diversos lugares e nacionalidades tornou-se algo tão tipicamente comum, que quase ninguém mais se surpreende em “teclar” com um macedônio, vietnamita, chileno ou britânico. Tamanha é a força da Internet no cotidiano das pessoas, que até se pode falar em uma imitação da vida real pela virtual. Nesta última, encontros e desencontros também se repetem; a linguagem escrita é bombardeada constantemente em uma tentativa de se dar um tom falado à conversa - e aí entram os “Us” nos lugares de “Os”, símbolos que imitam expressões faciais de alegria ou tristeza e assim por diante; há trocas de sensações, de informações, de conhecimentos...E tudo isto, de uma vez só!
E no meio de tanta tecnologia, entretenimento e inúmeras possibilidades, a moça brasileira e o rapaz americano começam a se conhecer. Obviamente, que ambos dividem, ao mesmo tempo, a atenção com outros seres tão diversamente estrangeiros quanto eles, mas isto não é nada importante perto do que eles ainda tinham para se dizer, pois algo estava ali a brotar. Primeiro timidamente, com suas pequenas raízes a encostarem à pequena casca de sua barreira, até fazer a pressão necessária para rompê-la. Em seguida, com a fixação das raízes, o crescimento daquilo que se pode chamar de amizade foi rápido e saudável. E pensar, que tudo assim, tão de repente...
Desde então, semanas se arrastam sucessivamente até alcançarem um mês. Por sua vez, os meses também seguem a sua lógica de encaminhamento no tempo e, sem nem se darem conta disto por muitas vezes, lá estão “JGirl” e “Power” envolvidos na escrita de suas palavras. São comentários, desabafos, perguntas, respostas, risos e lembranças. Conversas que só interessam a eles, em suas buscas de se apresentarem, de se conhecerem e de se depararem um perante o outro diante de tantas condutas em comum. Um espelho de palavras criou-se entre eles, fazendo com que sorriam um ao outro quando se estão “frente a frente”. Um jogo de sinônimos e antônimos em seus anseios; uma mistura de vocabulários conturbados por vezes; regras que sempre são quebradas.
No meio desta história ainda em construção por seus autores, as entrelinhas nunca são por eles esquecidas. Estão sempre lá, com um detalhe a mais de seus próprios eus; uma maneira de se mostrar que reside justamente na ação de se esconder. Uma forma petulantemente esquisita de falar sem nada falar. Por ora, os dois não acham isto. Por uma série de estranhos motivos - e aí entram os sentimentos - preferem agir assim em certos momentos. A confusão de expectativas, de pensamentos e de sentimentos assola o corpo e a alma destas criaturas. “Strange feelings”, escreve o americano à brasileira. Ele só se esquece de lembrar, que em um mundo onde as proximidades tornaram-se tão redundantemente próximas, “what’s the matter?”.

sabato 7 novembre 2009

Meu céu, meu poder, seus sentidos


Certa vez estava me perguntando se seria possível, um dia, alcançar o céu. Mas não estava me referindo a uma viagem de avião, helicóptero, balão ou foguete; o que eu queria mesmo era erguer meu corpo, até ficar na ponta dos pés e assim, pegá-lo, da mesma forma como sempre peguei qualquer coisa que estivesse acima da minha cabeça.
Quem sabe, o céu seja como um livro no alto de uma prateleira, em que, com apenas um pequeno esforço, eu possa tomá-lo para mim e apalpá-lo, senti-lo em toda a sua aspereza ou maciez até meus dedos se cansarem e eu finalmente poder abri-lo para poder descobrir seus mistérios...
Quem sabe, o céu seja como um belo porta-retrato no alto de uma estante, em que, com apenas um pequeno esforço, eu possa tomá-lo para mim e admirá-lo bem de perto, assim como eu faço com qualquer coisa bela que me atraia. Olhar suas cores, sua tonalidade, sua intensidade e sua vida até fotografar sua imagem com a minha memória...
Quem sabe, o céu seja como um vidro de perfume no alto de uma penteadeira, em que, com apenas um pequeno esforço, eu possa tomá-lo para mim e sentir seu aroma em toda a sua profundidade e embriaguez...
Quem sabe, o céu seja como um disco de música no alto de uma coleção de algum colecionador, em que, com apenas um pequeno esforço, eu possa tomá-lo para mim e com alguma expectativa crescente, pôr a executar toda a sua sonoridade... Um som de paz em um céu azul; um som vibrante em um céu agitado de nuvens cinzentas; um som inspirador em um céu róseo-avermelhado...
Nada é difícil de se alcançar quando se pode erguer-se na ponta dos pés e esticar os braços. Nada é difícil de se alcançar quando se podem imaginar suas sensações. Nem mesmo o céu. Afinal, o horizonte é logo ali.