Cos'è?



lunedì 10 agosto 2009

Ataquem, soldados!


1943, Segunda Guerra Mundial. São duas horas da tarde. O céu está nublado em Berlim. O inimigo se aproxima. Meu coração está disparado. Ele ainda não percebeu que eu estou entre os escombros. Minha arma está mirada em sua cabeça. Estouro seus miolos. Maldito inglês!

1965, Guerra do Vietnã. Estou em meu alojamento tentando dormir um pouco. Lá fora bombas, tiros e gritos de meus colegas e dos inimigos. Fecho os olhos. O que será que Laura estará fazendo agora? Tomara que ainda pense em mim. Uma tarde que passamos sob as folhas de um carvalho vem à minha mente... E pensar que há dois anos eu era tão feliz... Um grande estrondo me desperta de meu estado de sonolência. Uma bomba atingiu um outro alojamento há poucos metros do meu. Meu instinto me leva a pegar minha arma e a correr. Uma sombra por detrás das ruínas de um prédio me alerta. É um asiático, eu sei. Não penso duas vezes em atirar. Tomba a minha frente o corpo de um pequeno vietnamita de cerca de cinco anos.

1982, Guerra das Malvinas (Falklands). “É agora, Steve!”... E então eu e o meu companheiro pulamos no pescoço daquele argentino nojento. Você não imagina a satisfação que sentimos ao pegá-lo. É como se ganhássemos mais uns instantes de vida e, de fato, era isso mesmo. O capitão argentino não mostrava resistência, até porque, éramos dois contra um. Dois soldados britânicos tinham nas mãos o líder daqueles desgraçados. “Vamos mantê-lo aqui por uns dias, John, vai ser valioso para nós”, disse-me Steve. “Sim, ainda não temos pressa em matá-lo”, respondi. O capitão engoliu em seco.

1994, Guerra dos Bálcãs. Kosovo está em ruínas. São destroços de máquinas, gigantes entulhos de prédios, pedaços de corpos por todo lugar. Apesar de ter consciência da minha missão – da missão que me fora dada de defender a minha pátria e o meu povo-, eu me pergunto: “Valerá a pena matar e morrer por isso?”. Em quase três anos, já perdi alguns familiares e muitos amigos. Serei eu o próximo a perder a vida? Aqui neste galpão abandonado já não resta mais nada do que fora em outros tempos. Mesmo assim, gosto de me refugiar aqui. Fujo por breves instantes do mundo cruel lá fora. Fujo brevemente de mim mesmo. Mas eu sou um sérvio. Meu povo depende da minha bravura em combate. Então digo a mim mesmo: “Coragem, soldado Petrov! Vá lá e acabe de uma vez com eles!”

2003, Guerra do Iraque. Na lista dos soldados convocados para a guerra estava escrito: Mark McKall. Meu Deus! Sou eu! E foi assim que minha vida mudou de repente... Minha família, meus amigos, meus sonhos e meus anseios foram interrompidos. Grossas lágrimas rolam em meu rosto. Estou em meu quarto e meu olhar corre cada pequeno espaço desse meu pequeno ambiente. Amanhã embarco para uma terra distante. Vou lutar contra algo que nada significa para mim. Nenhum conflito é maior que aquele ocorre agora dentro de mim. Jogo longe meu travesseiro. Droga! Será que vou voltar?

2008, conflito Israel x Palestina. Mais uma noite cai na Faixa de Gaza. Olho para o céu, nada de estrelas. Apenas riscos esverdeados de projéteis cortam o horizonte. Tento levantar, mas não consigo. O ferimento em minha perna foi profundo; não consigo mais senti-la. Se não houver socorro logo, acho que não sobrevivo até o amanhecer. As horas passam, ninguém aparece. Pelo visto, aquela foi a minha última batalha. Uma escuridão invade o meu interior. Agora sou mais um soldado morto.

2009. “Acabem com eles!”, “Te peguei, maldito!”, “O que estou fazendo nessa guerra?”, “É minha última chance”. Diversas frases e pensamentos estão em guerrilhas. O mundo tornou-se cenário de um grande combate. Vidas se perdem diariamente de forma cruel e fútil. Balas, mísseis e bombas destroem a humanidade. Há muito sangue no chão. Somos soldados de uma guerra universal. Entramos em conflito por coisas pequenas. O espírito de sobrevivência nos invade constantemente. Se não acabarmos com o inimigo, ele acabará conosco.