Cos'è?



martedì 30 novembre 2010

O encontro dos eus- 75 anos da morte de Fernando Pessoa


"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus."
Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; Escrito entre 1913-15; Publicado em Atena nº 5, Fevereiro de 1925.



A morte é igual para todos. Em um dia como outro qualquer, tal como qualquer ser humano que chega ao fim, morria Fernando Pessoa, um dos maiores nomes da literatura portuguesa e mundial. O poeta e escritor português Fernando António Nogueira Pessoa (1888-1935) não resistiu a uma cirrose hepática.
Até então, Pessoa não passava de "gente comum" no mundo em que vivia. Sua obra bilíngue (português e inglês) não tinha destaques significativos dentro do cenário literário. O tempo passou, porém, os escritos de Pessoa ficaram e a partir de 1940 o público passou a apreciar sua maneira poética.
Com 1,73m e dotado de uma personalidade excêntrica, Pessoa transpunha um pouco do seu "eu" múltiplo em seus poemas. Gostava de escrever por pseudônimos e de dar-lhes características próprias. Assim, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Álvaro de Campos são três homens em um só. Como em um jogo de palavras, suas condutas se interpõem e se complementam em interconexões; seus pseudônimos revelam-se aos poucos: “Eu.../ Imperfeito? Incógnito? Divino?/ Não sei.../ Eu...” (Álvaro de Campos, em “Eu, Eu Mesmo”); “E menos ao instante/ Choro, que a mim futuro,/Súbdito ausente e nulo/Do universal destino” (Ricardo Reis, em “Olho”); Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... / Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,/ Mas porque a amo, e amo-a por isso, (...)/Amar é a eterna inocência,/E a única inocência não pensar...” (Alberto Caeiro, em “II-O Meu Olhar”).
Místico por natureza, Pessoa faltou a um encontro com a poeta brasileira Cecília Meirelles, que visitava Portugal e ansiava muito por conhecê-lo. Mais uma vez o tempo age e Cecília o espera por cerca de duas horas. Ao retornar ao hotel, qual a sua surpresa ao deparar-se com um livro e um bilhete enviados por Pessoa? Ele escrevera que os astros não permitiam tal encontro aquele dia. E assim, Cecília conheceu de outra forma o seu poeta.
Criado na África do Sul, a língua inglesa foi muito utilizada por Pessoa na composição de sua obra. A multiplicidade também ronda o poeta em seu modo de viver, pois entre suas atuações estão o jornalismo, a crítica, a tradução, a edição e a publicidade.
A profundidade de seu ser é esmiuçada em cada frase por ele criada. O famoso poema “Tabacaria” expressa bem esta sua complexidade interior: “Não sou nada./Nunca serei nada./Não posso querer ser nada./À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”.
E os sonhos de Pessoa não terminaram com sua morte. Em seus últimos instantes, ele disse: “I don’t know what tomorrow will bring...” (“Eu não sei o que o amanhã trará...”)

sabato 27 novembre 2010

Hoje o sol nasceu branco...


Hoje o sol nasceu branco e o dia ficou sem cor.
Hoje o sol nasceu branco e a vida se ofuscou.
O sol branco simplesmente paira no céu. É um grande círculo luminoso, tal qual uma coroa em chamas e irradia preocupação.
Teria a chuva lavado o ouro de seu dia? Teria a chuva lavado o vermelho-tijolo de sua tarde? Ou teria o próprio sol secado as suas cores?
O sol branco brilha nos olhos de quem o vê, infiltrando-se nas mais profundas pupilas. É o sol dos cegos, o sol dos loucos, o sol dos desesperados.Também
é o sol dos esperançosos e fanáticos que rezam por um novo amanhecer.
Hoje o sol está branco, o céu está parado e a vida dorme.
Hoje o sol está branco e não queima, congela. Congela almas que vagam pelos umbrais, corpos perdidos em abismos, pessoas no meio da multidão. Seus raios rasgam a pele e perfuram a carne em maldição.
Hoje o sol está branco e suas sombras são invisíveis; sombras pálidas de um não-amanhecer, sombras que deslizam sem pressa entre os mortais, agarrando-lhes as pernas, apertando-lhes as mãos.São sombras da noite em pleno dia.
Hoje o sol nasceu branco e não haverá anoitecer. Seu crepúsculo será tal como anjos da morte que sobem ao céu em busca de piedade, flutuando em um não-tempo que não tem fim. Não haverá badalos de sino às seis da tarde, nem tímidas estrelas, nem pressa, nem nada. Quem olha o sol branco ouve frias melodias e sente brisas de calor; transpira por compaixão e suspira pela vida.
Hoje o sol nasceu branco e eu nada sou além de um seu observador.

venerdì 5 novembre 2010

O jardim do telhado


O jardim do telhado nasceu das correntes do vento e das enchentes da chuva. É por isto, puro e belo e suas flores embalam sonhos, pensamentos e poesias.
O jardim do telhado olha a cidade lá embaixo e suspira por estar tão só.
As flores do jardim do telhado beijam o céu, sentem as nuvens e levam o seu perfume até o olfato das brilhantes estrelas. Também trocam segredos de ouvido com a lua, causando inveja no grande sol.
O jardim do telhado brinca de voar pelo mundo, quando suas pétalas esgorregam pelas telhas e voam pela primeira vez por outros mundos.
O jardim do telhado pensa que é o horizonte: sempre deitado, é sempre apreciado e sua beleza é o limite de tudo.
As flores do jardim do telhado choram orvalhos de silêncio, caladas na altitude não almejada.
As flores do jardim do telhado amam secretamente. Amam as borboletas e joaninhas que visitam suas folhas e poléns. Amam os gatos que miam em seu telhado durante à noite, sem se importar com elas.
Mas o jardim do telhado é amado por uma menina, que contempla suas flores e sua simplicidade por horas a fio. Ela quer a sua beleza, ela quer a sua pureza, ela quer a amizade com os seres do céu. A menina quer simplesmente virar uma flor.