Cos'è?



venerdì 1 ottobre 2010

Tremo e T'Amo


O sopro cruel do destino levou para longe cada um daqueles dois corações. Era uma noite escura e fria e sem estrelas, que dava espaço apenas para as nuvens no céu. Nuvens carregadas de tempestade. Ele, ainda com o chapéu em uma das mãos, saiu sem nada dizer e nem mesmo olhou para trás. Ela, com grossas lágrimas no olhar, sufocava-se em soluços. Não quis observá-lo partir pela última vez.

Foi em uma tarde quente de fevereiro que aquela carta chegou. Escrita com letras grandes e trêmulas e lida com olhos arregalados e hipnóticos, ficou manchada com a tinta borradeira da caneta e com o choro que caia no papel. Quem a escreveu, lembrou-se somente da amada no momento do fuzilamento. Quem a leu, morreu de desgosto oito meses depois.

As horas insistiam em passar e ela não chegava. Seu companheiro, um rapaz de 22 anos, chacoalhava a perna direita de ansiedade, sentado em uma cadeira na confeitaria. Namoravam há quase dois anos e fazia dez dias que não a via, devido a uma curta viagem que ela fazia. Ela é linda, inteligente e sexy, dizia ele ao amigo mais chegado. Ele tem bom papo, um bom carro e será engenheiro em breve, contava ela às amigas. Naquele dia ela não apareceu. E nem no outro. O rapaz nunca mais a viu. Soube, anos mais tarde, que ela casara-se com um outro rapaz que conheceu durante aquela viagem.

O casamento durou exatamente 48 anos, 7 meses, 3 semanas e 4 dias. Foram muitas as horas felizes, foram muitos os segundos de satisfação. Mas agora, como em um passe de mágica, tudo acabara. Ele jazia em seu caixão preto e florido, as mãos cruzadas, a pele pálida e serena. Ela o contemplava como quem contempla uma flor: os olhos parados, meigos e transbordantes. Como seria acordar sem tê-lo ao lado? Como seria respirar sem a sua companhia? Como seria caminhar na praia sozinha? E à noite, quando as estrelas saíssem, como seria olhar para aquele céu sem que ele dissesse que ela era a estrela mais brilhante? Como seria?

A garota de vestido vermelho observava assustadamente o garoto de camisa verde beijar a garota de saia amarela. Pareciam estar felizes e aquele parecia ser o mais doce dos beijos. O sangue fluía quente dentro da garota de vestido vermelho, que tornava-se cada vez mais branca. “Ele não tinha este direito”, seu coração gritava! Chorou em seu quarto por longas semanas, até que um dia, acordou animada e decidiu passear.

Palavras eram digitadas diariamente. Palavras que não tinham fim. Sentimentos que se acoplavam a elas, formando uma delicada corrente de paixão. O computador era o lugar de encontro deles e seu teclado e câmera o meio de expressão. Nunca tinham se visto antes, a não ser por ali. Mares e montanhas separavam seus corpos. Mares e montanhas não impediam aquele amor. Até quando o destino prolongaria aquela esperança de um possível encontro real?

O sangue manchava a neve. O sangue tirava-lhe a vida. Não havia quem pudesse ajudá-lo ali, naquele lugar. Só havia ele, a neve e agora, a escuridão. O inimigo o atingira e vencera. A medida que o sangue ia esvaindo-se, perdia também tudo o que conquistara até aquele momento: sua saúde, sua família e amigos, seus troféus na natação, suas risadas, seus sonhos, seu grande amor. Muitos quilômetros além de onde ele jazia, ela pensava nele. Olhava pela janela a paisagem lá fora com suas pessoas e movimentos, na esperança de que ele pudesse surgir no meio delas.


Tremo e T’Amo(T. Ferro/G. Servillo)

T’amo e tremo
Disse la donna
Al suo soldato
Che non tornava
La sua voce
Nel vento correva
Sopra la neve
Dove lui combatteva

Tremo e t’amo
Disse e piangeva
Nel buio della sala
Qualcuno rideva
Per far torto alla paura
A questo amore che già finiva

Il ricordo tradisce la mente
Il soldato non sente più niente

D’improvviso
Fu preso alle spalle
Dal suo nemico
Che strano parlava
Delle rose, del vino e di cose
Che un’altra vita gli prometteva
Ma quante spose
La guerra taglieva
Dalle braccia della prima sera

Tremo e ho freddo
Disse il soldato
Al suo nemico che lo guardava
La sua voce nel vento restava
Sulla platea che muta ascoltava.