Cos'è?



martedì 5 ottobre 2010

Auto-Retrato


Olho o meu retrato. Como pode uma máquina me retratar assim? Não são meus estes cabelos brancos e finos; não são minhas estas rugas que sugam a minha juventude. Também não possuo estes olhos sem brilho e nem esta boca murcha.
Olho o meu retrato. Quem me deu este ar de doente e acabada? Quem fez com que minhas mãos se tornassem frias e sem vida? O xale que me envolve cobre a nudez acabada de meu colo. Como que esta pode ser eu?
Olho o meu retrato mais uma vez. Um choro silencioso lava o meu ser. Quem sabe lavando-me e mandando para bem distante esses detalhes que me cobrem, eu torne a me reconhecer?
Onde ficou a minha juventude? Onde está o brilho que iluminava a minha pele e os meus olhos? Onde está a maciez de minhas mãos e a frescura do meu corpo? Onde está?
Reviro outros álbuns fotográficos e neles encontro o que queria. Esta sim, sou eu, linda e jovem. Perfeitamente perfeita.
Olho o meu retrato uma, duas, três vezes e me reconheço. Como pode uma máquina me retratar assim?