Cos'è?



mercoledì 6 gennaio 2010

A guerra das Cores


Há muitos anos (na verdade, não tantos assim), quando eu era apenas uma criança que brincava de sonhar, contaram-me uma história que me fez aproximar-me ainda mais dos meus cadernos e dos meus lápis de colorir. A história era mais ou menos assim:

Aconteceu neste mesmo planeta em que moramos, mas em um tempo tão remoto, que nem os dinossauros seriam capazes de imaginar tão longínqua época! Tudo se passou em um período onde só havia três países no mundo: o país Vermelho, o país Amarelo e o país Azul. A paz reinava absoluta em toda a Terra, porque estes três territórios nunca tinham tido nenhum tipo de acordo político, econômico, social ou cultural uns com os outros. Não havia nenhum tipo de encontro internacional: nenhuma convenção, seminário, congresso ou apresentação. Nenhum de seus habitantes viajava para o exterior- muitos, nem sabiam da existência dos outros dois países. Resolviam seus problemas internos como bem entendiam e nada e nem ninguém jamais ousava romper isto.
Apesar de nunca terem contatos entre si, os governos de cada um dos países sabiam da existência um dos outros e um ponto importante a se destacar é que o modo de vida em cada um deles era muito semelhante. Eram monarquias absolutas, que prezavam seus costumes e valores e onde todos idolatravam suas respectivas realezas.
No país Vermelho, tudo era vermelho: as pessoas e suas roupas; as cidades e suas casas; os carros e suas estradas; os animais e seus habitats; a comida, a bebida, os eletrodomésticos, os documentos e até mesmo, as imagens da televisão e da fotografia eram vermelhas. As pessoas do país Vermelho tinham personalidade forte: eram ousadas, determinadas e, um pouco orgulhosas também. Em qualquer briguinha entre vizinhos, ficavam ainda mais vermelhas de raiva! Seus governantes, o rei Red e a rainha Rouge eram muito amados pelo povo. Moravam em um lindo castelo no topo da mais alta colina e ambos gostavam de exibir para a população, aos domingos, suas lindas e felpudas capas vermelhas amarradas ao pescoço. Domingo era o dia em que anunciavam os planos da semana e também, comentavam o sucesso daqueles já executados. O país Vermelho fervilhava, sempre!
No país Amarelo, tudo era amarelo: pessoas, animais, lojas, prédios, vassouras, papéis, canetas, tinteiros e computadores. Até mesmo as letras das palavras nos jornais eram amarelas! Ser médico não era uma boa carreira a se seguir neste lugar, pois seus habitantes eram pessoas sadias e raramente adoeciam. E quando ficavam doentes, qualquer um podia dar o diagnóstico: febre amarela! A família real do país Amarelo também era muito querida pela população: o rei chamava-se Yellow e em seu castelo, sua linda filha, a princesa Gialla, gostava de passar horas penteando seus longos cabelos dourados... Pai e filha gostavam muito de oferecer festas em seu palácio e, quando isto acontecia, as preciosas coroas de ouro caíam-lhes perfeitamente sobre as suas cabeças...
Já no país Azul, tudo era azul: as águas, as árvores, as flores, as pessoas, os bichos e também, os filhos de todos estes seres. No país Azul, tudo era tão harmônico, em tão perfeita sintonia, que em todos os lugares aonde se ia, podia-se ouvir alguém cantando alguma canção. Em qualquer beco, travessa ou esquina, sempre se encontraria letras de músicas chamadas: “Azul da cor do mar”; “Moody Blue” ou simplesmente “Azul”. É claro que o único estilo de toda e qualquer música era em Blues. A rainha Blau era uma mulher muito bonita, com grandes e brilhantes olhos azuis-claros. Sua cor preferida era o azul-turqueza, assim, exigia de seus súditos que todo e qualquer material que lhe fosse entregue, fosse dessa cor. A rainha Blau não era do tipo que aparecia muito em público; era discreta, mas cumpria seu reinado com grande afinco. Assim, os nativos azuis não tinham do que reclamar.
Tudo ia bem na Terra até que um dia, uma ilha desconhecida e, portanto, sem cor, foi descoberta quase que instantaneamente por navegadores dos três países. O mundo não era muito grande naquela época, o que sempre fazia com que marinheiros das diversas nacionalidades e cores se encontrassem em alto-mar (o mar era de tonalidade neutra, até então). O capitão do país Azul foi o primeiro a avistar a ilha, porém, o capitão do país Vermelho foi o mais rápido em alcançá-la. Por sua vez, o do país Amarelo, resolveu não desembarcar na ilha e sim, voltar para a sua terra e avisar o governo de sua existência.
Enquanto os capitães vermelho e azul discutiam incansavelmente na ilha sobre a sua posse, o rei Yellow caminhava de um lado para outro em uma das salas de seu castelo, enquanto ouvia seus conselheiros. Após alguns instantes, convocou a população local para um importante anúncio. De coroa dourada na cabeça e ao lado de sua filha, disse:
-Uma nova ilha foi descoberta por nossa marinha! O país Amarelo estende suas terras, sua cultura e sua cor! Amanhã mesmo, um novo território amarelo será apossado!!!
Ainda no mesmo dia, os capitães dos outros dois países argumentaram entre si até não haver mais palavras. Mesmo assim, não deixaram a ilha por um segundo sequer. Por outro lado, enviaram mensageiros aos seus países avisando sobre a nova descoberta.
Algumas horas depois, a rainha Blau convocou seu povo e em voz baixa, mas firme, anunciou:
-Hoje é um dia de grande felicidade para a nossa nação! Nossa querida marinha ao percorrer mares distantes, fez a descoberta de uma ilha inabitada. O país Azul estender-se-á, minha gente!
No país Vermelho, a população estava em polvorosa com a notícia, espalhada por fofoqueiros em uma velocidade altíssima! Em seus pronunciamentos, o rei Red e a rainha Rouge, apenas precisaram dizer:
- Viva o país Vermelho!!! Viva a nossa terra e a nossa gente!!! Viva a nossa nova conquista!!!
E assim, em comemoração à nova descoberta, os vermelhos cantaram, dançaram e beberam por toda a noite.
No dia seguinte bem cedo, tropas dos três países zarparam de suas terras em destino à nova ilha incolor. Devido à posse, os governos das três nações estavam a bordo nos navios com toda a pompa que lhes cabiam. O mar estava calmo, as ondas ajudavam a conduzir os navegantes e por pura coincidência, chegaram ao lugar no mesmo minuto e no mesmo segundo.
- Mas o que fazem aqui os governantes do país Amarelo e do país Azul?, berrou o rei Red. Não vieram para a nossa posse, vieram?
- Não, vim para a MINHA posse, disse o rei Yellow. Eu que me pergunto o que o senhor, a sua senhora e toda esta gente vermelha fazem na minha ilha.
- Cavalheiros, por favor. A ilha é de minha propriedade, da posse do meu governo. Foi o meu capitão quem a avistou primeiro, portanto, ela me pertence, falou a rainha Blau educadamente. Por gentileza, queiram se retirar, continuou, ao mesmo tempo em que mostrava o mar, como se este fosse uma porta de entrada e de saída.
Os outros dois governantes apenas se olharam e muito mais vermelha do que de costume, foi a vez da rainha Rouge em explodir:
-Se retirar? De minha terra? A senhora só pode estar brincando. Saiam a sua majestade e a sua tropa e agora!!! Aproveitem e levem estas caras amarelas convosco, também.
Foi então que a princesa Gialla reclamou:
-Papai, eles estão nos expulsando de nossa ilha! Nosso povo espera por esta posse e não podemos desapontá-los!!! Vamos, papai, faça alguma coisa!
-Amarelos!, gritou o rei. Em nome de nosso país proponho que os senhores mandem embora imediatamente, eu disse imediatamente, todas estas pessoas que não são de nossa cor. Façam por bem ou por mal, mas façam!!!
-Pois eu proponho o mesmo à minha tropa!, gritou ainda mais alto o rei Red. Então, ergueu o braço e em um urro, exclamou: com o nosso sangue vermelho quero que expulsem estes invasores, vermelhos!!! Já!!!!!!!
A rainha Blau mantivera-se quieta em seu canto, até então. Estava de braços cruzados, mas de cabeça erguida e com esta posição, chamou seus oficiais em um canto e sussurrou:
-Não podemos perder esta batalha, azuis. Está claro que a ilha é nossa, mas como eles insistem em nos enfrentar, vamos ter algo inédito em nossa defesa militar: teremos que enfrentar uma guerra! Convoquem o exército e a aeronáutica se for preciso, mas tirem-os daqui o quanto antes.
E assim, teve início à Guerra das Cores. Militares das mais diversas áreas, cargos e cores estavam a postos na ilha incolor. Em pouco tempo, uma enorme rajada de munições vermelhas, amarelas e azuis começou a manchá-la. Elas partiam de todos os lados, vinham com as mais diversas intensidades e atingiam os mais variados alvos. Porém, algo inusitado começou a ocorrer no local. As balas, bombas e rajadas não apenas produziam uma grande coloração na ilha, mas também, formavam novas cores. Se o amarelo atingisse o azul, por exemplo, formava-se uma tonalidade que mais tarde se denominaria verde. O vermelho com o amarelo geravam o laranja e, já o azul com o vermelho originavam o roxo. Estas cores secundárias por sua vez, em uma série infinita de contatos criavam cada vez mais e mais cores, até que chegou um momento que nenhum dos três governos não aguentava mais lutar.
-Não estamos tendo nenhum resultado com esta batalha, meus caros, falou o rei Yellow. Estamos criando, sim, novas categorias de cidadãos que ainda poderão se unir contra nossos países!
- Concordo, respondeu prontamente a rainha Blau. Por isto, se todos concordarem em retirar suas tropas, eu também retirarei as minhas.
Em seguida, foi a vez da rainha Rouge se posicionar:
-Obviamente meu país retirará as tropas se vossas majestades retirarem as suas. Esta guerra não precisava ter acontecido se desde o início, vossas tropas tivessem ido embora e permitido a posse do país Vermelho sobre a ilha.
O rei Red prontamente balançou a cabeça concordando.
O rei Yellow e a sua filha Gialla trocaram olhares com a rainha Blau, que se manifestou:
-Não temos mais uma guerra entre três países. Temos, sim, a descoberta de uma nova terra e a formação de novas etnias, de novos povos e por que não, de novas nações? Nossa guerra trouxe não apenas uma guerra de territórios, mas também, uma guerra de cores. E se não nos entendermos aqui, agora, esta guerra de cores será infinita e suas consequências também!
A representante suprema do país Azul tinha toda a razão em seu breve discurso. Esta era a primeira batalha da Guerra das Cores; uma guerra que nunca deixou de existir, por mais que se passassem os anos. Independente de sua origem e cor, os muitos países que surgiram continuam a brigar pelos mesmos motivos e isto parece nunca ter fim.