Cos'è?



giovedì 10 settembre 2009

Chapeuzinho Vermelho, dona de seu nariz



Era uma vez, uma moça chamada Chapeuzinho Vermelho. Obviamente este não era o seu nome verdadeiro, já que é um tanto quanto estranho (e ridículo) alguém ter nome de “Chapéu”, seja ele de qual cor for. Mas este era o modo como a garota, de mais de 18 anos, era conhecida na região onde morava, porque desde a infância ela insistia em usar uma capa com um gorro vermelho na cabeça. Certa tarde, sua mãe pediu-lhe para que fosse à casa de sua avó entregar uns doces de que a velhinha tanto gostava. Chapeuzinho hesitou um pouco em ir, pois estava muito atarefada com seus trabalhos universitários, mas acabou concordando. E como as mães sempre costumam fazer, não importando se a idade do filho seja 7, 20 ou 50 anos, a mãe de Chapeuzinho Vermelho deu alguns alertas a sua filha antes dela partir:
-Não converse com estranhos, não pare no caminho por pouca coisa e vá pela estrada do rio. Ouvi dizer que há um lobo devorando as pessoas na floresta, por isto, é sempre bom tomar cuidado.
E lá foi a garota com a sua capa vermelha a caminhar pelo bosque. O gorro vermelho a encobrir-lhe quase que totalmente o rosto, apenas realçando seus traços mais marcantes nos olhos, nariz e boca. Uma longa mecha de cabelo caía-lhe pelo ombro direito. Menos de dois minutos depois de ter saído, e Chapeuzinho já nem se lembrava mais das advertências da mãe. Afinal, há tempos que ela deixara de ser aquela menininha que temia os animais da floresta (com exceção de barata, claro! Mesmo não sendo algo exclusivo de grandes matas, este bicho, causa sim, um pânico imenso! - em muitas mulheres, diga-se de passagem). Agora, ela vivia perdida em seus pensamentos, a preocupar-se com a faculdade, com certos amores, com seu futuro. E sem perceber, afastou-se do caminho que sua mãe a aconselhara seguir.
De súbito, surgiu alguém em seu caminho.
-Olá, moça bonita! Para onde vai, assim, tão distraída?
Apesar de ele não ser bonito aos olhos da moça, tinha um porte físico um tanto quanto marcante, além de olhos escuros e ágeis, o que de certa forma, chamara a atenção de Chapeuzinho. Ela não pensou duas vezes em responder:
-Vou à casa de minha avó, entregar uns doces. Ela está doente. Mas quem é você?
Mesmo estando frente a frente com o lobo citado por sua mãe, Chapeuzinho Vermelho não o reconheceu. Ao passo que o lobo responde:
-Sou um anjo da floresta e estou aqui para proteger mocinhas frágeis e indefesas como você. “Definitivamente, já ouvi cantadas melhores”, pensa a moça e apenas sorri. O lobo, muito interessado em continuar a conversa, continua:
-A sua avó mora longe daqui?
-Não, muito. Ela mora na primeira casa depois da curva do rio.
-Certamente é perto - ele responde. Sabia que é sempre bom encontrar pessoas por esses caminhos que não se importam em conversar? Muitas pessoas acham que não é legal conversar com estranhos...
-Ah! Mas este conselho é mais voltado para as crianças, não é mesmo? Elas sim, são completamente inocentes para saberem distinguir uma boa pessoa de uma má. Os adultos, em sua maioria, conseguem perceber rapidamente as segundas, terceiras e até, quartas intenções dos outros...- comenta Chapeuzinho.
-Uau! Vejo que realmente as coisas estão mudadas hoje em dia. Foi-se o tempo em que lobos maus enganavam menininhas... – e com isto, o lobo soltou sua risadinha aguda e seca. Chapeuzinho aparentava já impaciência. Era impressionante como certos “engraçadinhos” insistiam em cruzar seu caminho. O lobo, já percebendo a ansiedade da moça por ir-se embora, resolveu ele próprio, seguir em frente. Despediu-se dela e por um atalho, chegou à casa da avó da garota primeiro que ela.
Minutos depois, Chapeuzinho Vermelho estava a bater na porta da casa de sua avó. Apenas uma voz muito estranha, veio lá de dentro.
-Pode entrar, minha netinha. Apenas puxe o trinco.
A partir daquele momento, a moça começou a preocupar-se realmente com a saúde de sua avó. Só estando muito doente para não conseguir sequer, abrir a porta. Deixou os doces em cima da mesa e foi-se para o quarto da senhora. Tudo estava do mesmo jeito de antes. Os mesmos objetos nos mesmos lugares, o mesmo cheiro de limpeza, o mesmo som da televisão ligada em volume mínimo. A avó estava em sua cama, com uma touca na cabeça e com a coberta puxada até a altura dos ombros. Chapeuzinho notou algo de muito estranho na aparência da velhinha. Seu rosto estava muito mudado e até mesmo, peludo. “Será que a vovó deixou de usar os cremes anti-rugas que lhe dei”, pensou a moça. E comentou:
-Vovó, mas que olhos tão grandes!!!
-São para te olhar melhor, minha netinha.
-E que nariz grande, vovó!
-São para te cheirar melhor, minha netinha.
-E que orelhas tão grandes!
-São para te ouvir melhor, minha netinha.
Por mais que sua avó realmente estivesse precisando enxergar e ouvir melhor, Chapeuzinho Vermelho estava estranhando cada vez mais aquela situação. Cheirar melhor? Que história é esta? E resolveu arriscar mais uma vez:
-Vovó, mas por que esta boca tão grande?
Cansado já daquela situação, o lobo, vestido de avó da Chapeuzinho, gritou a plenos pulmões:
-São para te comer melhor!!!!!!!!!
E avançou por sobre a garota. Como toda mulher que pensa estar sendo atacada por um maníaco sexual, Chapeuzinho Vermelho berrou:
-Socorro!!!! Um tarado!!!!
Instantaneamente, ela começou a espernear, esmurrar e tentar atingir as partes baixas daquele sem vergonha a todo custo. Quando de repente, os guardas da floresta, ao passarem próximo ao local, ouviram os gritos de ajuda da moça e correram para a casa de sua avó.
O lobo foi morto com um tiro e Chapeuzinho Vermelho estava tomada de pavor, achando que a sua avó tinha sido morta por um doente mental. Só que os guardas explicaram a ela que aquele era um tipo de lobo mau, que atacava pessoas inocentes em seu caminho. Sua avó tinha sido devorada por ele, no sentido literal da palavra e era isto o que ele também, pretendia fazer com ela, se eles não tivessem chegado a tempo. Porém, como ele engolia as pessoas por inteiro, sem mastigar, bastava abrir sua barriga e retirar a vovozinha.
Minutos depois, neta e avó estavam abraçadas e choravam muito. Chapeuzinho Vermelho não conseguia entender como a palavra “inocência” podia se dar de formas tão diferentes para adultos e crianças.