Cos'è?



giovedì 13 ottobre 2011

Construção


Família

Quem sou eu?
De onde vim?
Quem foram meus ancestrais?
Carrego dentro de mim
A herança dos meus pais
Que por sua vez receberam
Os genes de meus avós.
Eram a minha família.
Gerações me antecederam
Longe,
Longe
Bem longe,
Sumiram
Nas eras imemoriais.
Meus filhos, netos, bisnetos
Também se questionarão
Quem sou eu?
De onde eu vim?
Procurarão no olhar,
No jeito de ser,
No falar,
Traços dos antepassados
Ou qualquer coisa de mim.
A hereditariedade,
As descendências,
Irão se expandindo,
Séculos,
Séculos,
Séculos,
Mais séculos virão,
E os que me sucederem
No infinito dos tempos
Continuarão conduzindo
Os genes que eram meus.
Serão a mesma família
Abençoada por Deus.


Construção

A construção
Da casa vizinha
Está demorando
Para ser concluída.
Estou passando um sufoco,
Aguentando a britadeira
Com seu barulho infernal,
Caminhão a toda hora
Trazendo material,
Coitados dos meus ouvidos
Começaram a escutar mal.
Procurei um otorrino
Que após fazer um exame,
Falou que eu não tinha nada
Voltaria a escutar bem
Depois da obra acabada.
Tenho asma e a poeira
Deixou-me asfixiada,
Mal podia respirar.
(Até parece piada!)
Fui ao pneumologista
Que falou com voz pausada;
“- A asma só vai embora
Depois da obra acabada”
Fui ao neurologista
Com a cabeça atormentada,
Mandou-me ao psiquiatra
Pois eu estava pirada,
Esse, nem me ouviu!
Disse que eu voltasse lá
Depois da obra acabada.
Derrubaram meus ciprestes
E a dona da construção
Ordenou erguer um muro
Nem me deu satisfação
Chorei muito e adquiri
Uma bruta taquicardia.
Com a alma amargurada
Busquei um cardiologista
Para ver o que havia.
Disse que eu estava estressada
E só sentiria alivio
Depois da obra acabada.
Pedreiros da construção
Tiraram a privacidade
Da nossa casa, por isso
Ela está sempre fechada.
A conta da luz cresceu
Foi uma baita aumentada
E só vai diminuir
Depois da obra acabada.
Conversei com a vizinha,
A dona da construção,
Mostrei meu prejuízo
Pedi indenização
Respondeu que não pagava
Não tinha dinheiro, não!
Retruquei, vá ao cartório
Passe a casa no meu nome
Está resolvida a questão.
Como tenho paciência
E sou muito sossegada
Sei que o pagamento vem
Depois da obra acabada.


Vida

Os prótons, os elétrons,
O átomo,
A bactéria,
Micro organismo
Unicelular.
O ar, a poeira,
A terra, a areia,
Planetas, cometas,
Estrelas brilhantes,
O cintilar da faísca,
O fogo flamejante,
Que arde e abrasa,
A luz.
O orvalho trêmulo,
Delicado.
O mar imenso, belo,
Magnificente,
A água.
A grama humilde,
Rasteira,
A árvore soberba,
Altaneira.
Flores e frutos,
Pássaros e peixes,
Insetos e animais.
O homem
Senhor poderoso
Entre os irracionais.
Teu nome é vida,
És mistério,
Enigma, sim,
Pois vieste do verbo
Que não teve princípio
E nem há de ter fim.



*Poemas de Carminha Medeiros, minha avó
imagem: Marc Chagall, "Red Bouquet"