Cos'è?



venerdì 21 ottobre 2011

Chove no meu cartão-postal


Chove no meu cartão-postal e as ruas estão cheias de lama. São poças e poças de uma água que caiu do céu e meus pés estão sempre molhados- pés como tantos outros que caminham pelas avenidas, alamedas e sarjetas desta cidade.
Chove no meu cartão-postal e o céu é sempre cinza de dia e vermelho à noite, com suas nuvens carregadas de lágrimas e consolo. Sim, consolo-me quando chove, pois é quando lavo meus pensamentos junto com a água que escorre na vidraça.
Chove no meu cartão-postal e a cidade é um grande amontoado de guarda-chuvas coloridos, que juntos, formam um belo arco-íris no zoom de minhas pupilas. Ah, estes olhos que enxergam cores, que enxergam vida e que veem vida nas estações do ano: punhados e punhados de pessoas que vão e vem, tais como o inverno e o verão.
Chove no meu cartão-postal e eu só tenho gotas em meus dedos- gotas estas, que aguçam o meu tato, dando-lhe um pouco de frio ou de calor. Sinto um arrepio quente a percorrer meus braços: são as gotas de chuvas que viraram córregos de sensações em meus membros.
Chove no meu cartão-postal e eu escuto o seu ruído: chuá, chuá. Um barulho leve e confortante que produz notas musicais em meus ouvidos (talvez, a chuva não esteja cantando, mas contando-me a seu modo qualquer coisa que viu lá do alto, quando ainda pertencia às nuvens... mas eu, pobre ignorante que sou, não falo a língua das chuvas e tudo para mim resume-se a melodias...).
Chove no meu cartão-postal e as flores sacodem-se de alegria, dando olés no vento que as envolvem. Meu jardim sorri e é tudo o que me importa.
Chove no meu cartão-postal e a chuva manchou a minha escrita de tinta azul. Minhas palavras estão borradas e suas letras descem em longos fios, desfazendo as frases, mas formando pequenas poças sem sentido... A chuva quando desce, não precisa ter sentido: basta somente ser chuva.






Imagem: postcard from London by Phillip D.H. Short