Cos'è?



giovedì 5 gennaio 2012

A jovem e o bem-te-vi


Aos pés de uma colina descansava um vilarejo. Suas casinhas eram simples, mas agradáveis, com flores coloridas pelo chão. Homens e mulheres trabalhavam em suas lavouras, crianças brincavam com seus burricos e uma jovem cosia eternamente um pedaço de tecido. É preciso dizer que esta jovem tinha a pele fresca como as maçãs regadas com o sereno da noite, mas era também frágil como a um beija-flor; a pobrezinha era doente, ou melhor, seu coração era doente. Por isto, a jovem quase nunca saía de casa e passava os dias em seu quarto, a coser, coser, coser...
Só que agora, a jovem arranjara mais uma atividade para acompanhá-la na sua solidão: para a sua surpresa, seu coração, por mais doente que fosse, ainda tinha capacidade para pulsar ardentemente uma paixão; a jovenzinha amava! Amava já há algumas semanas, quando tivera autorização de sua avó (a jovem morava com a avó) para ver a festa dos lavradores que tinham feito uma ótima colheita aquele ano. Era certo que a jovem só podia permanecer no centro da vila por alguns minutos para ver homens, mulheres e crianças cantando, dançando e bebendo, porém, isto fora o suficiente para que ela visse no meio da pequena multidão um rapaz com olhos de oliva e com um sorriso doce como os favos de mel. A partir daquele instante, o coração doente da jovem mostrou-se capaz de também amar.
Desde então, a jovem cosia e amava, cosia e amava, cosia e amava. Também sonhava de vez em quando, e em seus sonhos, o rapaz também a amava e queria casar-se com ela.
Enquanto costurava, a jovem lançava olhares apaixonados e compridos para fora da janela de seu quarto... A agulha perfurava o pano, a linha fazia a sua marca e o tempo passava...
Não muito distante dali, morava um bem-te-vi, que gostava de se esconder nas árvores da colina. Certo dia, o bem-te-vi, sob muita coragem e determinação, resolveu alçar voo e voou lá para os lados do vilarejo. Voou, voou, observando a tudo e a todos, quando notou a presença de uma linda jovem que cosia distraidamente na janela de seu quarto. O coraçãozinho da avezinha vibrou de alegria e ele sacudiu suas peninhas de emoção.
Entretanto, no mesmo instante em que o bem-te-vi observava a jovem, a jovem notou que o rapaz que ela amava estava passando calmamente do lado de fora de sua janela. Trazia uma enxada nos ombros, além de seu sorriso de mel. O bem-te-vi namorava a jovem, que namorava o rapaz, que namorava o horizonte a sua frente. Eis então, que o bem-te-vi, do galho onde havia pousado, não aguentando mais a paixão em seu peito amarelo, explodiu a sua voz:
-Bem-te-vi! Bem-te-vi! Bem-te-vi!
A jovem deu um sobressalto com o que acabara de ouvir.
-Ele me viu?!
O rapaz parou a sua caminhada e buscou quem o havia citado de maneira tão carinhosa.
Porém, a jovem, envergonhada com àquele que havia descoberto o seu segredo, murchou o seu corpo na janela e o rapaz não soube jamais quem o havia visto. O bem-te-vi, por sua vez, voou até a janela da jovem e a encontrou encolhida em sua cadeira. Ele a denunciou:
-Bem, te vi! Bem, te vi!
A jovem, ao ver o real dono daquela voz, ficou furiosa com tamanho atrevimento que decidiu fechar para sempre a sua janela. Ela só não soube que o rapaz continuou a passar por ali e já desconfiava que a dona daquela voz morava atrás daquela janela.


Imagem: Emanuele Luzzati