Cos'è?



sabato 27 novembre 2010

Hoje o sol nasceu branco...


Hoje o sol nasceu branco e o dia ficou sem cor.
Hoje o sol nasceu branco e a vida se ofuscou.
O sol branco simplesmente paira no céu. É um grande círculo luminoso, tal qual uma coroa em chamas e irradia preocupação.
Teria a chuva lavado o ouro de seu dia? Teria a chuva lavado o vermelho-tijolo de sua tarde? Ou teria o próprio sol secado as suas cores?
O sol branco brilha nos olhos de quem o vê, infiltrando-se nas mais profundas pupilas. É o sol dos cegos, o sol dos loucos, o sol dos desesperados.Também
é o sol dos esperançosos e fanáticos que rezam por um novo amanhecer.
Hoje o sol está branco, o céu está parado e a vida dorme.
Hoje o sol está branco e não queima, congela. Congela almas que vagam pelos umbrais, corpos perdidos em abismos, pessoas no meio da multidão. Seus raios rasgam a pele e perfuram a carne em maldição.
Hoje o sol está branco e suas sombras são invisíveis; sombras pálidas de um não-amanhecer, sombras que deslizam sem pressa entre os mortais, agarrando-lhes as pernas, apertando-lhes as mãos.São sombras da noite em pleno dia.
Hoje o sol nasceu branco e não haverá anoitecer. Seu crepúsculo será tal como anjos da morte que sobem ao céu em busca de piedade, flutuando em um não-tempo que não tem fim. Não haverá badalos de sino às seis da tarde, nem tímidas estrelas, nem pressa, nem nada. Quem olha o sol branco ouve frias melodias e sente brisas de calor; transpira por compaixão e suspira pela vida.
Hoje o sol nasceu branco e eu nada sou além de um seu observador.