Cos'è?



lunedì 12 luglio 2010

A brevidade de um eterno adeus



Seis anos separaram aquele adeus, um adeus que nunca foi dado. Seis anos afastaram um encontro, um encontro que nunca aconteceu. Seis anos distanciaram uma existência, uma existência de contextos opostos e múltiplos paradoxos. Seis anos...
Um dia, seis anos após a partida dele, ela nasceu. E cresceu. E apaixonou-se por ele. Seis anos no tempo não impediram aquele amor, semeado com palavras, nutrido em versos. A poesia sobrevive ao tempo, sobrevive aos temporais, sobrevive ao corpo que a escreve. Não há lugar no mundo onde não possa estar, para assim, permanecer. Diante de tamanho atributo, a poesia dele permaneceu em estrofes escritas e versos cantados, em frases do avesso, que atingem o coração de moças enamoradas. Um galanteador, ele foi...
Surgiu décadas atrás nesta mesma pátria onde ela hoje habita, em uma época onde o mundo ainda era retratado em preto-e-branco. O poetinha de seu coração realizou para si muito do que ela sonha ainda em conquistar: escrever aqui, escrever ali, escrever, escrever, fazendo das palavras um instrumento de conquistas, de críticas, de vitórias, de desabafos... Seja em prosa ou em verso, na música ou no teatro, a palavra é o detalhe essencial e quando bem utilizada deixa de ser dita, para ser repetida. Repetida uma, duas, três vezes... “Vinícius, Vinícius”, ela o chama. Ele, lá do fim do infinito, responde em um pensamento:

Se você quer ser minha namorada
Ai, que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarzinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porquê
E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois.


São 30 anos passados desde que ele se foi e deste período, pouco mais da metade é o tempo em que ela se fez cair de amores pela sua maneira tão peculiar de tratar o amor. Vinícius e seu coração tão sábio, tão cheio de paixão, ainda atinge a alma das moças, causando suspiros inclusive nas mais modernas, enchendo de boas lembranças as mais antigas, fervendo o sangue das mais ousadas. Vinícius, um romântico de todos os tempos, em que tudo passa, restando apenas o amor. E ela o espera na eternidade de suas palavras tão lindas.

O VELHO E A FLOR
(Vinícius de Moraes)

Por céus e mares eu andei,
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber
O que é o amor.

Ninguém sabia me dizer,
Eu já queria até morrer
Quando um velhinho
Com uma flor assim falou:

O amor é o carinho,
É o espinho que não se vê em cada flor.
É a vida quando
Chega sangrando aberta
em pétalas de amor.



*Vinícius de Moraes (1913-1980)